quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Corbertura da Guerra do Golfo

Os homens do final do século XX vivenciaram através das telas de TV, cenas da Guerra do Golfo Pérsico, em 1991. Enquanto permaneciam em seus aposentos, o mundo inteiro teve a possibilidade de assistir, como num jogo de video-game, a movimentação das tropas, as imagens dos bombardeios aéreos e explosões de mísseis. Como ficou conhecida devido as operações cirúrgicas de vídeo, a video-guerra, quando transportada para a televisão, fornecia imagens que a fazia parecer uma “guerra limpa”, sendo os corpos das vítimas pouco expostos, levando a uma desumanização da guerra, com os alvos e populações transformados em simples pontos de luz fornecidos por computadores. Tais imagens ajudaram a construir a mensagem de que os mísseis eram certeiros e as vítimas civis mínimas. Sendo assim pode-se perceber que o imaginário de guerra pretendido pelos militares norte americanos, era aquele que a afastasse das ruínas, dos feridos, das vítimas, do sangue, se assemelhando por isso a um video-game. É bem verdade que a grande maioria dos americanos (87%) estavam apoiando as atitudes do presidente, então Bush, como apontam as pesquisas do Gallup.
De acordo com Sérgio Mattos, a vítima inicial da Guerra Do Golfo foi, contudo, a imprensa. Sofrendo um intensa censura de ambos os lados da Guerra, foi manipulada de acordo com os interesses tanto dos EUA, como de Saddan Hussein. Acabou por exercer um papel de mediadora das relações públicas. Na Guerra do Golfo, excetuando-se algumas ocasiões, a imprensa se viu limitada a fornecer reportagens produzidas pela CNN que, da mesma forma, estava submetida à censura do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Passadas algumas semanas do início da guerra, ninguém sabia ao certo o número de mortos, os alvos acertados, bem como as perdas materiais. Os jornalistas ou os enviados de guerra, só tinha a possibilidade de cobrir a guerra através de sistema de “pools” - pessoas escolhidas antecipadamente, sob interferências dos militares. Para além de tal sistema quem monopolizava as informações eram EUA e Inglaterra, sendo os representantes do primeiro interpretados como agentes a serviço dos militares norte americanos, denunciando outros jornalistas casa estes desobedecessem o esquema. A mídia foi impedida inclusive de fornecer informações acerca dos mísseis, chegando inclusive a proibir imagens dos corpos dos soldados americanos. Tal situação não aconteceu, contudo, sem que surgissem protestos. A própria imprensa brasileira – no caso a Folha de São Paulo – denunciou os abusos de censura dos governos envolvidos.
A Guerra do Golfo, geradora do efeito fliperama, por ser recente, foi acompanha por grande parte da população em suas próprias casas. Porém, a grande parte desses indivíduos foi ocultada a informação de que o que estavam assistindo ou lendo era, na realidade fruto de censura, uma manipulação prévia seja por parte dos EUA ou de Saddam Hussein. Era antes a versão dos militares do que a de seus correspondentes que em sua maioria permaneceram fora das frentes de batalhas, quando não enclausurados em hotéis.
Podemos perceber, no nos dois vídeos abaixo, que os repórteres falam abertamente sobre a questão da censura. O vídeo que pode ser acessado através do link é bastante interessante, pois além do repórter mencionar as restrições impostas à cobertura, sua matéria é sobre a tecnologia dos aviões, o que deixa bastante evidente a “falta” de notícias.

http://www.youtube.com/watch?v=uMtnbUYENu8

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